Babosa - Aloe vera (L.)


Características botânicas: Aloe vera é uma planta herbácea, xerófita, suculenta e sem caule. A parte central da folha apresenta uma mucilagem (gel) transparente que deve ser observado e separado do látex amarelo que exsuda em canais na epiderme da folha. Esse látex é rico em antraquinonas, substâncias laxativas, nefro e hepatotóxicas. Seu cultivo não exige muita água e sua propagação ocorre por separação de brotos laterais. Existem outras espécies do gênero Aloe que são cultivadas, sendo a espécie Aloe arborescens a mais utilizada em Florianópolis.

Uso popular: Planta muito utilizada na medicina popular em todo o mundo, como cicatrizante em casos de queimaduras, lesões na pele, como “hidratante” da pele e cabelo, nas hemorróidas e para gastrite. A espécie Aloe arborescens é usada pela população para o tratamento de câncer, sem evidência científica.

Informações científicas: Segundo um estudo clínico realizado em humanos, há fraca evidência do benefício de A. vera em mucosite¹ e moderada evidência da diminuição da dor em queimaduras². O gel preparado com 98% da parte interna da folha demonstrou ser mais vantajoso que sulfadiazina de prata no tratamento de queimaduras³. O benefício do gel como agente de limpeza em úlceras de pressão foi inconclusivo4, e a evidência do seu benefício na psoríase ainda é limitada5.

Observação do uso clínico em Florianópolis: Utiliza-se a mucilagem das folhas da babosa externamente em casos de queimaduras, ferimentos, eczemas (psoríase) machucados e picadas de insetos; para afecções do couro cabeludo pode-se utilizar externamente a mucilagem misturando-a com polpa de abacate. Apresenta boa resposta nas hemorróidas.

Modo de usar:
Aplicar sobre a área afetada a mucilagem removida da parte interna da folha após remoção dos espinhos com auxílio de uma faca. Para lesões do couro cabeludo a mucilagem pode ser acrescentada à polpa de um abacate para a aplicação direta no local da lesão. Uso do gel ou como supositório (pedaço da mucilagem deixado no congelador) aplicado diretamente
na hemorróida.

CUIDADOS NO USO DESTA ESPÉCIE
O uso da babosa concomitantemente com outros medicamentos pode levar a alterações no metabolismo de diversos fármacos (Ver no tópico “interações medicamentosas”). Evitar uso interno em gestantes, lactantes e crianças menores de 6 anos.
Devido à presença de antraquinonas, que conferem o sabor amargo a planta, o uso interno é contraindicado. A ingestão de pequenas doses deve ser feito apenas quando a mucilagem não apresentar o sabor amargo demonstrando a ausência desses compostos.
O uso da babosa em alimentos ou em bebidas é vedado pela Resolução5.052/11daAgênciaNacionalde Vigilância Sanitária6.

Interações medicamentosas: A babosa quando usada internamente pode interagir com fármacos antiarrítmicos, corticosteróides, digoxina, diuréticos e laxantes. O uso concomitante com anestésicos gerais (sevoflurano), antiagregantes plaquetários e anticoagulantes orais pode causar hemorragias. Existe a possibilidade de interação com antidiabéticos orais e a insulina, ocasionando quadros de hipoglicemia. A espécie promove ação sobre enzimas responsáveis pelo metabolismo de fármacos podendo modificar a sua biodisponibilidade e toxicidade.

Aloe arborescens
Referências
1.WORTHINGTON, H. V., et al. Interventions for preventing oral mucositis for patients with cancer receiving treatment.
2. NORMAN, G., et al.; Antiseptics for burns. Cochrane Database of Systematic Reviews 2017.
3. SHAHAZAD, M.N., et al., Effectiveness of Aloe vera gel compared with 1% silver sulphadiazine cream as burn wound dressing in second degree burns. Journal of the Pakistan Medical Association 2013; 63(2): 225-230.
4. MOORE, Z.E.H., Cowman S. Wound cleansing for pressure ulcers. Cochrane Database of Systematic Reviews 2013.
5. FARAHNIK, B., et al., Topical Botanical Agents for the Treatment of Psoriasis: A Systematic Review. American Journal of Clinical Dermatology, 2017, Vol.18 (4), p.451-469.
6. RESOLUÇÃO 5.052/11 da ANVISA-Agência Nacional de Vigilância Sanitária, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2011.
7. FLORIANÓPOLIS (SC). Secretaria Municipal de Saúde(2019). Guia de Plantas Medicinais de Florianópolis.

Comentários